Ecdemomania

Você teve um dia cansativo, estressante, aquela prova inesperada que se deu mal, um chefe que te pressionou no trabalho, seus pais reclamando de você e daí por alguns instantes sente o imenso desejo de simplesmente fugir e cair no mundo por aí. Quem nunca? Andar de carro no meio da noite em uma estrada vazia, num lugar onde dê para ver o céu bem estrelado e depois deitar nesta estrada e admirar as estrelas; ter pensamentos sobre a sua vida e imaginar como ela seria se tudo fosse diferente. Pensar em algumas teorias estranhas, que só você tem. 

Sair para nunca mais voltar. Ter outra vida. Outro eu. Outro você. Outro nós. Recomeçar. Esquecer das pessoas, todas elas, as boas, as más, as neutras. Ser quem você sempre quis ser. Deixar aquele bilhete na geladeira: "Fui ser feliz e não tenho dia para voltar".

E no meio dessa fuga de si mesmo e dos outros, você encontra outras pessoas, as conhece, se apega, começa a amá-los e no meio dessas pessoas tem aquele alguém. Que parece te entender, tem teorias malucas, é fugitivo da vida também e lhe faz parecer que este te encontrou também. Como se todo esse tempo, ao invés de ser uma fuga da sua vida, era uma procura a alguém que você queria conhecer, um ser que se encaixa perfeitamente no seu eu. 

Mas então você percebe que começou tudo outra vez, só que com pessoas diferentes. E daí seus pensamentos de fugir de casa voltam; sair de carro no meio da estrada, ir para um lugar onde nenhum ser desta terra lhe conheça e que você não conheça ninguém, porque isso também é importante. Então você percebe que talvez não consiga o que quer, mesmo não sabendo o que deseja. E que todas as vezes que fugir, vai querer fugir de novo e de novo e de novo. É um ciclo. Talvez esteja no mundo errado, na hora errada, vida errada.