Páginas

No travesseiro.



Chego na nossa casa depois de um dia longo de trabalho, a casa está completamente vazia, você ainda não havia chego, sempre me esqueço desse detalhe, você sempre chega tarde. Acendi as luzes e guardei as coisas para fazer o jantar e fui para o quarto, coloquei a bolsa em cima da cama e remexi nela na esperança de não achar o que eu mais temia. Achei, então não era sonho, era uma realidade. Positivo. Aquele teste estava me dizendo que seríamos papais, aquele teste mudou a nossa vida para sempre. Guardei o exame e fui tomar banho, e depois mais calma comecei a fazer o jantar. Sua comida preferida. Não sabia como contaria para você, temia a sua reação, estávamos apenas dois anos casados e já teríamos nosso primeiro filho.

Enquanto estava fazendo a salada senti seu abraço por trás, sem saber você abraçou o nosso pequeno, sorri e retribui o beijo, mas ainda continuava silenciosa e nervosa. Você notou que eu estava estranha e perguntou o que tinha acontecido e eu menti dizendo que havia tido um dia longo, lógico que você não acreditou, mas não disse nada. Arrumamos a mesa e começamos a comer. Já havia decidido, contaria depois do jantar, nós tínhamos condições de ter um filho, já guardávamos dinheiro para quando isso acontecesse, só não esperei que fosse tão rápido. Você sempre foi louco por criança, só não sabia como seria a sua reação quando descobrisse que seria a nossa criança. Você começou a puxar assunto, perguntou como havia sido o meu dia, explicou um pouco do seu, rimos, mas você ainda percebeu que eu estava estranha.

Depois da janta, arrumamos as coisas e lavamos a louça, era sempre assim, eu lavava e você secava, mas naquele dia era diferente. Apagamos todas as luzes e fomos para o quarto. Escovamos os dentes juntos e eu ainda ria da sua cara de pau de fazer xixi na minha frente enquanto escovava os dentes. Você foi para o quarto, pegou as cobertas e ficou lá me observando em silêncio. Seu silêncio me dava medo e eu ficava mais tensa em não saber qual seria a sua reação. Quando me deitei ao seu lado, senti sua mão em meu cabelo, me fazendo cafuné, como todas as noites. 

-  O que houve, amor? - Perguntou enquanto arrumava a minha franja que insistia em cair nos meus olhos. - Você parece preocupada, saiba que além de ser teu marido, sou seu amigo, só quero o seu e o nosso bem.

Confesso que fiquei arrepiada quando ele disse o nosso bem. 

- Eu tenho uma coisa para te contar. - Falei, enquanto ele me observava. Sentei na cama de frente para ele e observando seus movimentos, peguei sua mão, suspirei e comecei a falar. - Vamos ter preocupações agora, vamos ter que escolher nomes, roupinhas, passar pela fase dos "porquês" e também pela fase do "não enche", vamos ter que nos revesar para pegar o boletim... - Enquanto falava abaixei a cabeça chorando, por não saber o que fazer. 

Ele se sentou de frente pra mim, ergueu minha cabeça e me abraçou, com lágrimas nos olhos também, era um abraço apertado, cheio de amor.

- Não sei como te agradecer pelo presente maravilhoso que você está me dando desde agora. - Disse enquanto passava a mão na minha barriga. - É um pequeno que está crescendo dentro de você e que é fruto do nosso amor, do amor de cada dia que cresce entre a gente. Eu te amo mais do que você possa imaginar e já amo essa coisinha pequena dentro de você.

Nos abraçamos e chorando fomos deitar, fazendo planos e imaginando o que aconteceria dali pra frente, onde existiria um alguém para nos completar.


3 comentários:

  1. owwn *-*
    Adorei a parte que ela fala da preocupação, dos nomes de se revesarem pra buscar o boletim. Tão verdadeiro e sincero. Conto lindissimo.
    http://www.viciodiario.com/

    ResponderExcluir

Related Posts Plugin for WordPress, Blogger...
 
Layout feito por Adália Sá | Não retire os créditos