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No travesseiro: Dois.


- Mamãe! Mamãe!
- Oi meu amor! - Falei enquanto era esmagada em um abraço delicioso.
- Fiz um desenho da nossa família, vou pegar pra ti ver.
Enquanto estava gritando eufórico, sumiu no corredor. Crianças, sempre nos fazendo rir, mesmo que o dia seja o pior possível...
- Oi amor.
- Oi amor, ainda bem que tu chegou, não aguento mais esse guri falando nos meus ouvidos, (risos), como foi teu dia? - Falou enquanto levantava a cabeça da almofada pra fazer das minhas pernas, um apoio.
- Foi bom, mas cansativo, problemas no hospital. E o teu?
- Foi bom também, porém, estava louco pra vir pra casa. Saudades.
Meu Deus, como eu amava aquele homem, amava o cheiro, o modo como ele mexia nos meus cabelos, o jeito como ele beijava a minha testa, como ele procurava a minha boca, os abraços fortes e as frases mais lindas do mundo em situações únicas, o beijo, o toque, amava o sexo, o modo como ele me olhava, amava o jeito como ele me fazia ser especial, única, o amava pelo simples fato de o amor ser tanto a ponto de não caber apenas no nosso peito e assim gerarmos um filho, um amor laço eterno, um amor incondicional.
- Aqui mãe, olha o desenho.
Théo estava parado na minha frente, me entregando uma folha rabiscada, com vários bonecos.
- Ó mãe, aqui é a nossa casinha, e aqui é eu, tu, o pai, e meus quatro irmãos. Ah, aqui tem também o bolinha e o pingo.
- Quatro irmãos, amor? É muito né?
- Ai mãe, eu não acho, eu ajudo a sustentar.
- Tá bom, depois a gente vê. Vou guardar esse desenho tá? Pra mostrar pros teus irmãos depois.
- Viu pai? A mãe aceitou meus quatro irmãos. - Falava em uma séria tentativa de cochicho.
Depois da janta era sempre a mesma briga, colocar o Théo na cama, ele me olhava sem parar, pedindo pra dormir com a gente.
- Hoje não.
- Ah mãe, mas é sexta e amanhã nem tu e nem o pai vão trabalhar. - Falava em tom manhoso. - Ai a gente fica conversando.
- Não. Boa noite, te amo.
- Eu acho incrível essa tua cara de pau de deixar a toalha molhada em cima da cama e ainda por cima no meu lugar. - Disse enquanto cruzava os braços e em uma tentativa de não rir.
- Ai, eu deixo a toalha onde eu quiser, entendeu?
- O que tu falou?
- Eu te amo.
Quando voltei do banho, me apaixonei mais ainda, ele estava enrroladinho embaixo das cobertas, me olhando e sussurrando o quanto ali tava quentinho e me esperando. A chuva chegou e com ela veio uma vontade enorme de fazer amor, e enquanto estavamos ali, olhos nos olhos e pele na pele, vi que em todos esses anos o meu amor nunca diminuiu, só aumentou, incrível como ele faz meu coração acelerar e faz eu ter o friozinho na barriga, como nos primeiros encontros. Mesmo com todos os problemas e as dificuldades, sabia que era ele que o meu coração tinha escolhido, que o meu amor era o mais intenso de todos, que o meu amor, minha alma e tudo mais, eram tudo dele. Após o ato, colocamos a roupa, quando se tem filhos pequenos não podemos dar brecha, ainda mais que criança é mais rápida que o nosso raciocínio-pós-amor. Deitados um de frente pro outro, tudo o que eu mais queria era conseguir expressar a felicidade que eu sentia naquele momento, mas ele falou primeiro, e se tu quer saber, falou bonito.
- Sei lá, só te amo. E eu sei também, que não consigo expressar, que não sou bom com as palavras, que quase nunca falo, mas quero te agradecer por tudo, por estar comigo nesses anos todos, por ter me dado o melhor presente da minha vida, por me proporcionar essa vontade que eu sinto de chegar o fim do dia, só pra vir pra casa, te ver e ver o Théo. Nossa pequena família, e se tu quer saber mais, sou feliz, muito mais do que qualquer engravatado por ai, nossa felicidade é plena, tu me completa, tu me faz crer todos os dias que o amor é pra mim também, te quero pra sempre, te amo pra sempre, tu é o amor da minha vida.
Não consegui dizer uma palavra, só quis me aconchegar no abraço dele, e chorar, assim como ele chorava. Lágrimas de felicidade, de amor, lágrimas de duas pessoas que quando mais precisaram se encontraram, e hoje estão aí, juntas e até o fim será assim.




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